domingo, 31 de maio de 2009

Al - Berto

Clamor


Tudo vem ao chamamento
Noite após noite o que dissemos e
O que nunca diremos - a viagem
Com uma giesta de algodão presa nos cabelos e
A sensação fresca de um sulco de aves na pele

Tudo vem ao chamamento - os lobos
Os anjos as fadas as putas as bichas e
A redenção dos maus momentos - enquanto te barbeias

Vês no espelho o homem
Cuja solidão atravessou quase cinco décadas e
Está agora ali a olhar-te - queixando-se da tosse
Da dor de dentes e do golpe que a lâmina fez
Num deslize perto da asa do nariz

Não sei quem é - sei porém que vai afogar-se
Naquela superfície clara quando dela se afastar e
Abrir a porta para sair de casa murmurando: tudo
Vem ao chamamento
Por dentro do clamor da noite.

Al-Berto

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Rodrigo Leão - O Café dos Imigrantes

domingo, 24 de maio de 2009

Darwin

Ponta Delgada, 24 Mai (Lusa) - O naturalista inglês Charles Darwin, quando passou pelos Açores em 1836, cometeu um 'erro' de avaliação ao considerar o arquipélago pouco interessante em termos de evolução das espécies, situação que investigadores açorianos pretendem 'corrigir'.

O 'Erro de Darwin' é o tema de um simpósio internacional que a Universidade dos Açores vai realizar em Setembro, com a presença de cientistas de renome mundial, numa iniciativa que pretende mostrar o que tem sido feito para o corrigir.

"Queremos mostrar a investigação que se faz nos Açores. Temos convidados de peso e, já que Darwin não encontrou nos Açores o que andava à procura, nós vamos dar-lhes a consolação de ver a evolução a acontecer aqui nos Açores", afirmou Frias Martins, do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores.

Charles Darwin esteve na ilha Terceira, no regresso a Inglaterra, entre 20 e 24 de Setembro de 1836.

"Quando aportou à Terceira, foi-lhe dito que havia no centro da ilha uma enorme cratera activa. Ele dirigiu-se para lá e o que viu foram as furnas do enxofre, que são os buracos por onde sai o fumo, nada daquilo que ele estava à procura", salientou o investigador.

No seu relatório da viagem, Darwin escreveu que não viu nada de interesse relevante, sendo este o seu 'erro'.

"No fundo, ele não cometeu erro nenhum porque estava à procura de uma grande cratera e não a viu, mas, para quem lê isto, parece que nos Açores não há nada digno de ser registado", afirmou Frias Martins.

A questão incomoda ainda mais porque existe nos Açores "o mesmo tipo de evolução que Darwin registou nas Galápagos".

O estudo que Frias Martins está a fazer sobre a evolução dos moluscos terrestres no arquipélago é "a prova disso", pelo que importa "corrigir o 'erro' de Darwin, mostrando como a evolução também acontece nos Açores".

FR.

Lusa/fim

sábado, 23 de maio de 2009

CRISTINA ALI FARAH

Sem título

Espera, deixa-me atravessar o limiar de olhos fechados
a cadeira do rei está vazia, a luva mostra a investidura
o poder está desconexo
Vendas e desvendas, olhar oblíquo, ubíquo
Como é fácil, afinal, enganar à vista
(escondes o braço imputado)
Ser mestre dos confins do vazio
Cavei a terra com as mãos nuas procurando o segredo do que fica
de três mil virgens de terracota,
veias de água, ninhos e túmulos por baixo de camadas de areia e pele
Os meus dedos desenham fragmentos e espelhos,
cancelados na memória
Volto a subir as pulsações do tempo,
minha mãe, a mãe da minha mãe, matrioskas perfuradas
Dêem-me uma vela para que eu possa olhar dentro
E recompor o mapa do amor nos corpos desconsagrados

CRISTINA ALI FARAH
Tradução: Livia Apa

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

 
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sábado, 16 de maio de 2009

Anna Mourah

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Peter Kogler





No CCB

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

jazzinho

jazzinho

zz

Experiências

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Caligrafia

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nuno de Figueiredo

Não pode haver nos olhos outra cor que
esta camuflada cor dos dias nunca uns
olhos suportam outra água que não
seja de um rio que se esgota outra
boca nascente não pode haver e assim

se prova um nome um sabor melancolia
não pode em caso algum surgir a
dúvida a dúvida acarreta o sofrimento
alonga a noite ataca a vida e tudo
tão escusado tanto excesso ao menos

que dos olhos se retirem as mãos
supostas sábitas muralhas contra a
cor nascida com o dia tão excessiva
a cor a dor esta melancolia que se
agacha no fundo de um olhar não

pode haver nos olhos outra venda ou
seu disfarce ou magro fingimento agora
que sabemos onde pomos este corpo de
outono consentido e destinado ao vento.

Nuno de Figueiredo
A Única Estação
edições quasi

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