quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

William Blake



Traduzir não acaba:
1 tigre, 2 tigres, 3 tigres, n tigres

MANUEL PORTELA



THE TYGER


Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare sieze the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And water'd heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?

William Blake (1794)


O TIGRE (1)


Tigre! Tigre! que ardes a brilhar
Nas florestas da noite sombria,
Que mão, ou que imortal olhar
Pôde formar tua terrível simetria?

Em que abismos, em que céus distantes
Ardeu a chama dos teus olhos brilhantes?
Em que asas é que ele ousou voar?
Que mão ousou esse fogo agarrar?

E que arte, que braço ou mão
Torceu as fibras do teu coração?
E quando esse coração bateu primeiro,
Que mãos, que pés terríveis de ferreiro?

Que martelo? Que corrente?
E o teu cérebro - em que fornalha ardente?
Que bigorna que terrível punho
Agarrou seus terrores e lhes deu cunho?

Quando as estrelas expeliram os seus raios
E inundaram os céus de prantos e desmaios,
Sorriu ele acaso ao ver o teu labor?
É quem fez o Cordeiro o teu autor?

Tigre! Tigre! que ardes a brilhar
Nas florestas da noite sombria,
Que mão, ou que imortal olhar
Ousou formar tua terrível simetria?


Tradução de Paulo Quintela (1981)


O TIGRE (2)


Tigre, Tigre, incêndio forte
arder nos bosques da noite,
Que mão imortal, um dia,
Fez tão feroz simetria?

Em que abismos e em que céus
Arde a luz dos olhos teus?
Que asas quis Ele alcançar?
Que fogo quis agarrar?

E que espádua ou que magia
Teu coração construía?
Quando o viu assim batendo,
Que mão e que pé tremendo?

Que martelo? Que cadeia?
Quem teu cérebro caldeia?
Que bigorna? Que mão forte
Calma teus pavores de morte?

Quando as estrelas dardejam
E, de pranto, os céus alvejam,
Vendo tais obras, sorri?
Fez Ele o cordeiro e a ti?

Tigre, tigre, incêndio forte
A arder nos bosques da noite,
Que mão imortal, um dia,
Fez tão feroz simetria?


Tradução de António Herculano de Carvalho (1947)


O TIGRE (3)


Tigre, tigre, ardendo aceso,
No bosque da noite preso,
Que olhos, que mãos infalíveis
Teus traços criaram terríveis?

De que profundas ou céus,
O lume dos olhos teus?
De que asas el' sonha audaz?
Esse fogo, quem o traz?

Qual arte os nervos te cria
Que ao coração te daria?
Quando a bater começou,
Que pé ou mão foi que ousou?

Que martelo, que bigorna,
A teu cérebro deu forma?
Que fornalha ou força tal,
Para o seu terror mortal?

E os astros lanças largaram,
De seu choro o céu molharam.
Sorriu ele dessa vez?
Quem fez o Anho te fez?

Tigre, tigre, ardendo aceso,
No bosque da noite preso,
Que olhos, que mãos infalíveis
Teus traços criaram terríveis?


Tradução de Jorge de Sena (1971)

relâmpago
Revista de Poesia
n.º 17 10|2005

Etiquetas:

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial