Aimé Césaire
EM VERDADE...
a pedra que se desfaz em grãos
o deserto que se peneira em trigo
o dia em que se soletra em aves
o forlado o escravo o pária
a estatura desabrochada harmónica
a noite fecundada o fim da fome
o escarro sobre a face
e esta história por entre a qual caminho melhor que durante o dia
a noite em fogo a noite solta o devaneio forçado
o fogo que da água nos volta a entregar
o horizonte da injúria é certo
uma criança entreabrirá a porta.
PRESENÇA
um maio inteiro de canafístulas
sobre o peito de puros soluços
de uma ilha infiel em seus lugares
carne que se tem a si própria vindima
ó lenta entre as dácitas
punhado de aves que um vento ateia
onde passam em fusão as ruínas do tempo
a pura profusão de um milagre raro
na tempestade sempre crédula
de uma estação não evasiva
AIMÉ CÉSAIRE
(Martinica, 1913-1971)
(in «Antologia Poética»
Cadernos de Poesia,
Dom Quixote, 1970)
(tradução de Armando da Silva Carvalho)
a pedra que se desfaz em grãos
o deserto que se peneira em trigo
o dia em que se soletra em aves
o forlado o escravo o pária
a estatura desabrochada harmónica
a noite fecundada o fim da fome
o escarro sobre a face
e esta história por entre a qual caminho melhor que durante o dia
a noite em fogo a noite solta o devaneio forçado
o fogo que da água nos volta a entregar
o horizonte da injúria é certo
uma criança entreabrirá a porta.
PRESENÇA
um maio inteiro de canafístulas
sobre o peito de puros soluços
de uma ilha infiel em seus lugares
carne que se tem a si própria vindima
ó lenta entre as dácitas
punhado de aves que um vento ateia
onde passam em fusão as ruínas do tempo
a pura profusão de um milagre raro
na tempestade sempre crédula
de uma estação não evasiva
AIMÉ CÉSAIRE
(Martinica, 1913-1971)
(in «Antologia Poética»
Cadernos de Poesia,
Dom Quixote, 1970)
(tradução de Armando da Silva Carvalho)
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
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