Joaquim Cardoso Dias
SET OF BLADES
descobri quem reúne as formas entre as pedras
as horas acesas no peso dos corpos
a secreta loucura dos sentidos quando brincas com os meus
cabelos
quase sempre assim um coração
que escutámos sem mais nada e as cordas dos barcos por ali
onde terás olhado por última vez o pó riscado pelos meus
dedos
que destino nos revela a mão sem linha da vida
a gaveta das cartas fechada para sempre?
um dia quem sabe tu e eu com óculos escuros
lá onde falarás de mim
a luz seca na orla desértica da cidade
fecho aquela porta verde que dá acesso ao teu rosto
choro baixinho sou um animal ferido pelas paredes do
quarto
agora tudo é muito diferente
fumamos deitados de luz apagada tento dizer-te o sítio exacto
dos móveis dos objectos fendas de terra cidades costeiras
pássaros
frágeis caminhos desvendados em pleno voo
como breves recados escritos à pressa
e neste instante a avenida parece-me um barco
deste lado de mim as árvores andam comigo numa lágrima
se tu quiseres podes sentar-te na minha cama
podes vestir os slips brancos e a t-shirt que me ofereceste
pelos anos... mesmo que digas coisas que me
mesmo que nem te olhasse para que
mesmo que
tenho a certeza de que serias tu depois a procurar-me
podes sim
a Solana vai gostar Years are bearing us to heaven...
viro-me para a terra
dói ser-se circular dói aqui
despindo-me contigo nos olhos deste lado do mundo...
je murmure un mot magique pour m'en délivrer
aceito como único sonho aquele espelho onde te reflectes '.
e isto tudo é assim porquê?
como entender a maneira como Deus nos dispõe no
mundo?
... é do frio ris-te
levas-me pelos ombros
e todos os segredos são este instante... se tu quiseres
o fim dos meus lábios nos vidros das montras do Amoreiras
esta noite vou dormir de luz acesa
(Este é, talvez, o poema da página 566 de O MEDO, de Al Berto)
Joaquim Cardoso Dias
Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa
Coordenação de Pedro Mexia
O Contador de Histórias
Câmara Municipal de Tomar
1997
descobri quem reúne as formas entre as pedras
as horas acesas no peso dos corpos
a secreta loucura dos sentidos quando brincas com os meus
cabelos
quase sempre assim um coração
que escutámos sem mais nada e as cordas dos barcos por ali
onde terás olhado por última vez o pó riscado pelos meus
dedos
que destino nos revela a mão sem linha da vida
a gaveta das cartas fechada para sempre?
um dia quem sabe tu e eu com óculos escuros
lá onde falarás de mim
a luz seca na orla desértica da cidade
fecho aquela porta verde que dá acesso ao teu rosto
choro baixinho sou um animal ferido pelas paredes do
quarto
agora tudo é muito diferente
fumamos deitados de luz apagada tento dizer-te o sítio exacto
dos móveis dos objectos fendas de terra cidades costeiras
pássaros
frágeis caminhos desvendados em pleno voo
como breves recados escritos à pressa
e neste instante a avenida parece-me um barco
deste lado de mim as árvores andam comigo numa lágrima
se tu quiseres podes sentar-te na minha cama
podes vestir os slips brancos e a t-shirt que me ofereceste
pelos anos... mesmo que digas coisas que me
mesmo que nem te olhasse para que
mesmo que
tenho a certeza de que serias tu depois a procurar-me
podes sim
a Solana vai gostar Years are bearing us to heaven...
viro-me para a terra
dói ser-se circular dói aqui
despindo-me contigo nos olhos deste lado do mundo...
je murmure un mot magique pour m'en délivrer
aceito como único sonho aquele espelho onde te reflectes '.
e isto tudo é assim porquê?
como entender a maneira como Deus nos dispõe no
mundo?
... é do frio ris-te
levas-me pelos ombros
e todos os segredos são este instante... se tu quiseres
o fim dos meus lábios nos vidros das montras do Amoreiras
esta noite vou dormir de luz acesa
(Este é, talvez, o poema da página 566 de O MEDO, de Al Berto)
Joaquim Cardoso Dias
Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa
Coordenação de Pedro Mexia
O Contador de Histórias
Câmara Municipal de Tomar
1997
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
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