Paulo Renato Cardoso
VOZ Clamante
no deserto no mar na cidade na guerra no peito
Tu andas a escrever-me Tu respiras-me tanto
e lês-me coisas que não escrevi Tu cuidas-me das feridas
Tu deves ser mulher: vais por onde não há ida apenas noite
e chegas em segredo à porta aberta
voltas sempre por outro caminho mais íntimo
e alteras o lugar e a coisa e o sentido
vens de onde não foste
e trazes o pólen das flores que ainda são por haver
Voz Clamante
Tu deves ser mulher Só a madeira da carne mulher
é a madeira capaz de ir e vir pelos corpos quebrados
pelo vento crispante da ante-manhã da dor
pelo tempo bárbaro de cristais a espigar
sobre o amarelo infante do Mar sem sono
o que eleva as copas da Hora Só a madeira
da carne mulher é a madeira qualitativa
portadora do vértice festivo o vértice oriental
do dia: o chá de canela e mel que pirateia pelos mares do sul
descobrindo fontes no coração dos náufragos
Paulo Renato Cardoso
Órbitas Primitivas
Fracções Futuras
de Um Tratado Heliocêntrico
quasi
no deserto no mar na cidade na guerra no peito
Tu andas a escrever-me Tu respiras-me tanto
e lês-me coisas que não escrevi Tu cuidas-me das feridas
Tu deves ser mulher: vais por onde não há ida apenas noite
e chegas em segredo à porta aberta
voltas sempre por outro caminho mais íntimo
e alteras o lugar e a coisa e o sentido
vens de onde não foste
e trazes o pólen das flores que ainda são por haver
Voz Clamante
Tu deves ser mulher Só a madeira da carne mulher
é a madeira capaz de ir e vir pelos corpos quebrados
pelo vento crispante da ante-manhã da dor
pelo tempo bárbaro de cristais a espigar
sobre o amarelo infante do Mar sem sono
o que eleva as copas da Hora Só a madeira
da carne mulher é a madeira qualitativa
portadora do vértice festivo o vértice oriental
do dia: o chá de canela e mel que pirateia pelos mares do sul
descobrindo fontes no coração dos náufragos
Paulo Renato Cardoso
Órbitas Primitivas
Fracções Futuras
de Um Tratado Heliocêntrico
quasi
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
1 Comentários:
Olà Renato :)
Gostei imenso de ler este teu poema :)
Baseias-te muito na mulher, nomeando muitos aspectos acerca desta, conseguindo assim que o leitor (falo por mim) consiga infiltrar-se nas tuas palavras e sinta o k descreves :)
Muitos Parabéns :)
Sofia
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial