quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

José Agostinho Baptista

ILHA


Regresso sempre a ti, ilha,
à casa do silêncio,
às falésias da tua loucura,
ao berço que se move eternamente no
quarto da angústia,
regresso,
ilha,
depois das estradas que conheceram o meu
corpo e a minha saudade,
depois das eras de gelo e trevas,
depois dos incêndios,
regresso como quem já viu todas as luas e
todos os barcos ancorados,
todas as aves, todos os peixes cegos,
todas as rosas de basalto,

José Agostinho Baptista
Anjos Caídos
Assírio & Alvim
2003

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