sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ruy Belo

 MORTIS CAUSA

Mulher de gestos dia a dia mais pequenos,
fosses tu qualquer coisa, uma cadeira ao menos
houvesse para ti sempre lugar em tua casa
e não ires um dia assim convencional serena
como papel ou lixo pela escada abaixo

Mulher espremida enquanto deste vida
e resumida à pequenina luz que se liberta
do gesto estritamente necessário linha recta
para anular o espaço entre a mão e a coisa
movimentos dos dias divergentes de outros dias
E tudo vai moendo e remoendo momento a momento
triturando colhendo arrepanhando
face ficta fraca e fIXa
a fruta em frente fita, frígida fremente

Ruy Belo
Boca Bilingue
Obra Poética
Editorial Presença

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