domingo, 8 de fevereiro de 2009

Alfarrabistas




Pequenas compras nos alfarrabistas e um poema que me parece adequado ao momento político

OS DOIS SUJOS

Um moleiro
E um carvoeiro
Travaram-se de razões;
Era um da côr da neve,
Outro da côr dos carvões,
Cada qual d'elles teimava
Que o outro mais sujo estava;
Tinham ambos a mão leve,
Choveram os bofetões,
E qual foi o resultado?
Um ao outro se sujou;
Pois ficou
O carvoeiro
Empoado;
E o moleiro
Enfarruscado.

Assim fazem as comadres,
Se começam a ralhar;
Assim fazem os compadres,
Se a politica os separa:
Cada qual, sem se limpar,
Consegue o outro sujar;
Nem ó isso cousa rara.

Henrique O´Neill
(1823-1889)
As melhores paginas da poesia portuguesa
Albino Forjaz Sampaio
Livraria Popular de Francisco Franco
1931

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