Gastão Cruz
CANÇÃO SEXTA
Tanto o pó de outro dia destruíra
o último sossego novamente
este cheiro de vida embora andasse
a tarde sobre tudo sem sossego
engano
escasso vento
o pó levando ainda de outro dia
Do abrigo do dia novamente
lançados sobre a áspera cratera
dos enganos lavrada do sossego
no uso dos enganos tão ciente
ar doce do amor que leva o pó
do abrigo do dia sobre tudo
frágil disperso fora com o vento
lançados do engano do sossego
Somente já de vida mantivera
não da gruta da tarde as vãs lembranças
o pó do dia
as nuvens os enganos
desabridos da tarde enfim de vida
as crateras apenas despejadas
assim o pó ardia novamente
surdo cansado espesso pó da terra
Não trazia lembranças
sem sossego abrigava de outro dia
da tarde sossegada a escassa vida
De destroços canção somente a vida
não reduz do sossego destruído
de outro dia a lembrança ao pó que a traz
Gastão Cruz
poesia 1961-1981
com três desenhos de Manuel Baptista
o oiro do dia
CANÇÃO SEGUNDA
Do rio de lisboa
da luz a humidade
o pó a turva e lava
no rio vai de inverno
lisboa o pó lavando
Em rio vai de pó inverno achando
com que mudar as ruas de lisboa
vai passando lisboa na luz turva
de inverno de humidade já lavada
de novo a luz do rio a vai turvando
de novo acha o inverno a humidade
e novamente o pó com que lavá-Ia
Vai mudando o inverno o pó das ruas
de turva areia ardente em puro pranto
o rio de lisboa do inverno
da amargura o rouco pó lavando
De areia de tristeza a humidade
erva das praias rio
vai mudado o inverno
vai do rio
correndo de lisboa turva ainda
acaso a água dos clarões do pó
clarões canção
do pó
que a luz arrasta
GASTÃO CRUZ
NAS NOSSAS RUAS AO ANOITECER
MÁRIO CLÁUDIO
Antologia de Poesia sobre Lisboa
com um pormenor de uma pintura de Carlos Botelho
colecção pequeno formato
Edições ASA
2001
Não cantes o meu nome em pleno dia
não movas os seus ásperos motivos
sob a luz dolorosa sob o som
da alegria
Não movas o meu nome sob as tuas
mãos molhadas do choro doutros dias
não retenhas as sílabas caídas
do meu nome da tua boca extinta
Não cantes o meu nome a primavera
já o ameaça hoje principia
a vida do meu nome não o cantes
com a tua alegria
Gastão Cruz
os nomes
Imagem da Linguagem
Assírio & Alvim
1974
Tanto o pó de outro dia destruíra
o último sossego novamente
este cheiro de vida embora andasse
a tarde sobre tudo sem sossego
engano
escasso vento
o pó levando ainda de outro dia
Do abrigo do dia novamente
lançados sobre a áspera cratera
dos enganos lavrada do sossego
no uso dos enganos tão ciente
ar doce do amor que leva o pó
do abrigo do dia sobre tudo
frágil disperso fora com o vento
lançados do engano do sossego
Somente já de vida mantivera
não da gruta da tarde as vãs lembranças
o pó do dia
as nuvens os enganos
desabridos da tarde enfim de vida
as crateras apenas despejadas
assim o pó ardia novamente
surdo cansado espesso pó da terra
Não trazia lembranças
sem sossego abrigava de outro dia
da tarde sossegada a escassa vida
De destroços canção somente a vida
não reduz do sossego destruído
de outro dia a lembrança ao pó que a traz
Gastão Cruz
poesia 1961-1981
com três desenhos de Manuel Baptista
o oiro do dia
CANÇÃO SEGUNDA
Do rio de lisboa
da luz a humidade
o pó a turva e lava
no rio vai de inverno
lisboa o pó lavando
Em rio vai de pó inverno achando
com que mudar as ruas de lisboa
vai passando lisboa na luz turva
de inverno de humidade já lavada
de novo a luz do rio a vai turvando
de novo acha o inverno a humidade
e novamente o pó com que lavá-Ia
Vai mudando o inverno o pó das ruas
de turva areia ardente em puro pranto
o rio de lisboa do inverno
da amargura o rouco pó lavando
De areia de tristeza a humidade
erva das praias rio
vai mudado o inverno
vai do rio
correndo de lisboa turva ainda
acaso a água dos clarões do pó
clarões canção
do pó
que a luz arrasta
GASTÃO CRUZ
NAS NOSSAS RUAS AO ANOITECER
MÁRIO CLÁUDIO
Antologia de Poesia sobre Lisboa
com um pormenor de uma pintura de Carlos Botelho
colecção pequeno formato
Edições ASA
2001
Não cantes o meu nome em pleno dia
não movas os seus ásperos motivos
sob a luz dolorosa sob o som
da alegria
Não movas o meu nome sob as tuas
mãos molhadas do choro doutros dias
não retenhas as sílabas caídas
do meu nome da tua boca extinta
Não cantes o meu nome a primavera
já o ameaça hoje principia
a vida do meu nome não o cantes
com a tua alegria
Gastão Cruz
os nomes
Imagem da Linguagem
Assírio & Alvim
1974
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
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