Ponta Delgada, 24 Mai (Lusa) - O naturalista inglês Charles Darwin, quando passou pelos Açores em 1836, cometeu um 'erro' de avaliação ao considerar o arquipélago pouco interessante em termos de evolução das espécies, situação que investigadores açorianos pretendem 'corrigir'.
O 'Erro de Darwin' é o tema de um simpósio internacional que a Universidade dos Açores vai realizar em Setembro, com a presença de cientistas de renome mundial, numa iniciativa que pretende mostrar o que tem sido feito para o corrigir.
"Queremos mostrar a investigação que se faz nos Açores. Temos convidados de peso e, já que Darwin não encontrou nos Açores o que andava à procura, nós vamos dar-lhes a consolação de ver a evolução a acontecer aqui nos Açores", afirmou Frias Martins, do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores.
Charles Darwin esteve na ilha Terceira, no regresso a Inglaterra, entre 20 e 24 de Setembro de 1836.
"Quando aportou à Terceira, foi-lhe dito que havia no centro da ilha uma enorme cratera activa. Ele dirigiu-se para lá e o que viu foram as furnas do enxofre, que são os buracos por onde sai o fumo, nada daquilo que ele estava à procura", salientou o investigador.
No seu relatório da viagem, Darwin escreveu que não viu nada de interesse relevante, sendo este o seu 'erro'.
"No fundo, ele não cometeu erro nenhum porque estava à procura de uma grande cratera e não a viu, mas, para quem lê isto, parece que nos Açores não há nada digno de ser registado", afirmou Frias Martins.
A questão incomoda ainda mais porque existe nos Açores "o mesmo tipo de evolução que Darwin registou nas Galápagos".
O estudo que Frias Martins está a fazer sobre a evolução dos moluscos terrestres no arquipélago é "a prova disso", pelo que importa "corrigir o 'erro' de Darwin, mostrando como a evolução também acontece nos Açores".
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