sexta-feira, 30 de julho de 2010

JACQUES PRÉVERT

Barbara

Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest ce jour-la
Et tu marchais souriante
Epanouie ravie ruisselante
Sous la pluie
Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest
Et je t'ai croisee rue de Siam
Tu souriais
Et moi je souriais de meme
Rappelle-toi Barbara
Toi que je ne connaissais pas
Toi qui ne me connaissais pas
Rappelle-toi
Rappelle-toi quand meme ce jour-la
N'oublie pas
Un homme sous un porche s'abritait
Et il a crie ton nom
Barbara
Et tu as couru vers lui sous la pluie
Ruisselante ravie epanouie
Et tu t'es jetee dans ses bras
Rappelle-toi cela Barbara
Et ne m'en veux pas si je te tutoie
Je dis tu a tous ceux que j'aime
Meme si je ne les ai vus qu'une seule fois
Je dis tu a tous ceux qui s'aiment
Meme si je ne les connais pas
Rappelle-toi Barbara
N'oublie pas
Cette pluie sage et heureuse
Sur ton visage heureux
Sur cette ville heureuse
Cette pluie sur la mer
Sur l'arsenal
Sur le bateau d'Ouessant
Oh Barbara
Quelle connerie la guerre
Qu'es-tu devenue maintenant
Sous cette pluie de fer
De feu d'acier de sang
Et celui qui te serrait dans ses bras
Amoureusement
Est-il mort disparu ou bien encore vivant
Oh Barbara
Il pleut sans cesse sur Brest
Comme il pleuvait avant
Mais ce n'est plus pareil et tout est abime
C'est une pluie de deuil terrible et desolee
Ce n'est meme plus l'orage
De fer d'acier de sang
Tout simplement des nuages
Qui crevent comme des chiens
Des chiens qui disparaissent
Au fil de l'eau sur Brest
Et vont pourrir au loin
Au loin tres loin de Brest
Dont il ne reste rien.

JACQUES PRÉVERT

Etiquetas:

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Jeremy Blake "Guccinam_" extrait (2000)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Altered States (1980) - movie scene

Pi movie trailer

Hiper-realismo

Ron Mueck

Jamie Salmon

Jackie K. Seo

Etiquetas:

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Paulo de Carvalho -- Sábado à tarde

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jaime Gil de Biedma

IV

Lembrais-vos. Os anos aurorais
como o tempo tranquilos, pura infância
vagamente acompanhada pelo mundo.

A noite ainda materna protegia.
Chegávamos do sono, e um calor,
um sabor como da noite originária
ia-se demorando em nossos lábios,
humedecendo, suavizando o dia.

Mas às vezes alguma coisa nos chamava.
O corpo e o regresso do verão,
a própria tarde, demasiado vasta.

Em que manhã, lembrais-vos, desejámos
debruçar-nos sobre o poço perigoso
no extremo do jardim? Permanecia
a água quieta, como aquele olhar
em cujo fundo vimos nossa imagem.

E um súbito silêncio recaiu
sobre o mundo, perturbando-nos.

Jaime Gil de Biedma
Antologia Poética
Edição Bilingue
selecção e tradução de
José Bento
Edições Cotovia

Etiquetas:

José Asunción Silva

NOCTURNO III

Uma noite,
Uma noite toda cheia de murmúrios, de perfumes e da música das asas;
Uma noite,
Em que ardiam na nupcial e húmida sombra das campinas as lucíolas fantásticas,
A meu lado lentamente, contra mim cingida toda, muda e pálida,
Como se um pressentimento de amarguras infinitas,
Até o fundo mais recôndito das fibras te agitasse,
Pela senda que se perde no horizonte da planície
Caminhavas,
E nos céus
Azulados e profundos esparzia a lua cheia sua claridade branca.

Tua sombra,
Fina e lânguida,
E a minha,
Projectadas pelos raios do luar na areia triste
Do caminho se juntavam,
E eram uma,
E eram uma,
E eram uma sombra única,
Uma longa sombra única,
Uma longa sombra única...

Esta noite
Eu só, a alma
Cheia assim das infinitas amarguras e aflições da tua morte,
Separado de ti mesma pelo tempo, pelo túmulo e a distância,
Pela escuridão sem termo
Aonde a nossa voz não chega,
Silencioso
Pela senda caminhava...
E escutavam-se os ladridos dos cachorros para a lua,
Lua pálida,
E a coaxada
Dos batráquios...
Senti frio. O mesmo frio que coaram no meu corpo
Tuas faces e teus seios e teus dedos adorados
Entre as cândidas brancuras
Das cobertas mortuárias.
Era o frio do sepulcro, sopro gélido da morte,
Era o frio atroz do nada.
Minha sombra,
Projectada pelos raios do luar na areia triste,
Solitária,
Solitária,
Pela estepe desolada caminhava.
Foi então que a tua sombra
Ágil e esbelta,
Fina e lânguida,
Como nessa extinta noite da passada primavera,
Noite cheia de murmúrios, de perfumes e da música das asas,
Acercou-se e foi com ela,
Acercou-se e foi com ela,
Acercou-se e foi com ela... Oh, as sombras enlaçadas!
Oh, as sombras de dois corpos que se juntam às das almas!
Oh, as sombras que se buscam pelas noites de tristezas e de lágrimas!

José Asunción Silva (Colômbia-1865-1896)
(tradução: Manuel Bandeira)

Etiquetas:

Arte

Isle of Fog, 2009
Claire Ellen Corey

Untitled, 2009
William Daniels
View of the exibition "Polders", 2002
Tatiana Trouvé

Portrait of Meyer Schapiro, 1983
Irving Petlin

The Death of Actaeon, 2009
Malcom Rains


Yours and Mine, 1993
Larry Zox

Etiquetas: