terça-feira, 30 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Adrian Mitchell
HUMAN BEINGS
Look at your hands
your beautiful useful hands
you’re not an ape
you’re not a parrot
you’re not a slow loris
or a smart missile
you’re human
not british
not american
not israeli
not palestinian
you’re human
not catholic
not protestant
not muslim
not hindu
you’re human
we all start human
we end up human
human first
human last
we’re human
or we’re nothing
nothing but bombs
and poison gas
nothing but guns
and torturers
nothing but slaves
of Greed and War
if we’re not human
look at your body
with its amazing systems
of nerve-wires and blood canals
think about your mind
which can think about itself
and the whole universe
look at your face
which can freeze into horror
or melt into love
look at all that life
all that beauty
you’re human
they are human
we are human
let’s try to be human
dance!
Adrian Mitchell
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Vicente Huidrobo
POEMA DEZ
Ela dizia palavras como anéis
Ela repetia os murmúrios das ondas
Ela falava falava
Tu meu pequeno violoncelo
Tu minha lua bem amada
Ide passear
Como um cego ou como uma espada
Ela sobe até ao último andar
Então aí poderá dizer a meus amigos
Conheceis o país?
Eu conheço o país
Ela dir-nos-á ciciando como uma abelha inocente
As intrigas astronómicas do universo
Com a delicadeza do búzio
Pequeno gramofone das praias
Que guarda avaramente os segredos do mar
Ela poderá dizer a meus amigos
Senhores a lua desmorona-se
Contei todas as moedas do infinito
E a rosa que falta ao pólo
Gelou aqui
Vicente Huidrobo
Natureza Viva
Tradução Luís Pignatelli
Hiena Editora
colecção cão vagabundo 9
1986
Ela dizia palavras como anéis
Ela repetia os murmúrios das ondas
Ela falava falava
Tu meu pequeno violoncelo
Tu minha lua bem amada
Ide passear
Como um cego ou como uma espada
Ela sobe até ao último andar
Então aí poderá dizer a meus amigos
Conheceis o país?
Eu conheço o país
Ela dir-nos-á ciciando como uma abelha inocente
As intrigas astronómicas do universo
Com a delicadeza do búzio
Pequeno gramofone das praias
Que guarda avaramente os segredos do mar
Ela poderá dizer a meus amigos
Senhores a lua desmorona-se
Contei todas as moedas do infinito
E a rosa que falta ao pólo
Gelou aqui
Vicente Huidrobo
Natureza Viva
Tradução Luís Pignatelli
Hiena Editora
colecção cão vagabundo 9
1986
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Eugénio de Andrade
Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
Coração do dia
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
Coração do dia
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
Inês Lourenço
Faz-me frio este Outono
Faz-me frio este Outono
a boiar sobre o corpo,
a poesia sem ancas,
a música passada
por ovo e pão ralado, faz-me
frio este fender castanho
este horizonte ao espelho,
faz-me frio o esmalte descascado
a tapar o interior
revelho.
de 'Cicatriz 100%', Um Quarto com Cidades ao Fundo
Inês Lourenço
Desfocados Pelo Vento
A Poesia dos anos 80, agora
editora quasi
CÂMARA ESCURA
I.
É escura a pupila, mesmo
na íris mais azul. Por ela, esse
mínimo círculo se devolvem as
incontáveis formas do mundo. É escuro
o interior do tórax, onde
se diz, dura o coração, esse músculo
facínora, impulsor de sangues. É escuro
o aquário amniótico, o púbis
o mamilo dentro da boca. São escuros
todos os lugares
que a luz na sua feroz velocidade
não mata.
2.
Não sei quem
foi a minha mãe, alguma
eva trocando por frutos incertos
a monotonia do interminável. Não
sei se foi a carmen, a virtuosa
penélope, a lady
macbeth ou aquela senhora
amortalhada em cartas e
grades; eurydice ou brunnhild
ou outra precipitada
às chamas.
Inês Lourenço
TELHADOS DE VIDRO
N.º 2 Maio 2004
Averno
Faz-me frio este Outono
a boiar sobre o corpo,
a poesia sem ancas,
a música passada
por ovo e pão ralado, faz-me
frio este fender castanho
este horizonte ao espelho,
faz-me frio o esmalte descascado
a tapar o interior
revelho.
de 'Cicatriz 100%', Um Quarto com Cidades ao Fundo
Inês Lourenço
Desfocados Pelo Vento
A Poesia dos anos 80, agora
editora quasi
CÂMARA ESCURA
I.
É escura a pupila, mesmo
na íris mais azul. Por ela, esse
mínimo círculo se devolvem as
incontáveis formas do mundo. É escuro
o interior do tórax, onde
se diz, dura o coração, esse músculo
facínora, impulsor de sangues. É escuro
o aquário amniótico, o púbis
o mamilo dentro da boca. São escuros
todos os lugares
que a luz na sua feroz velocidade
não mata.
2.
Não sei quem
foi a minha mãe, alguma
eva trocando por frutos incertos
a monotonia do interminável. Não
sei se foi a carmen, a virtuosa
penélope, a lady
macbeth ou aquela senhora
amortalhada em cartas e
grades; eurydice ou brunnhild
ou outra precipitada
às chamas.
Inês Lourenço
TELHADOS DE VIDRO
N.º 2 Maio 2004
Averno
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sábado, 6 de dezembro de 2008
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
António Borges Coelho
Descem os socalcos
aureoladas pela luz
andam a luz salpica
como dardos
Malvasia
mourisca
dona branca
formosa
As deusas voltaram à terra
das vides enfeitam os lábios
com os bagos vermelhos
António Borges Coelho
Linha de Água
Ao Rés da Terra
Caminho
Da Poesia
2002
aureoladas pela luz
andam a luz salpica
como dardos
Malvasia
mourisca
dona branca
formosa
As deusas voltaram à terra
das vides enfeitam os lábios
com os bagos vermelhos
António Borges Coelho
Linha de Água
Ao Rés da Terra
Caminho
Da Poesia
2002
Etiquetas: poesia/poetry/poesie