quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
António Ramos Rosa
Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.
Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
Charles Baudelaire
Abel et Caïn
I
Race d'Abel, dors, bois et mange;
Dieu te sourit complaisamment.
Race de Caïn, dans la fange
Rampe et meurs misérablement.
Race d'Abel, ton sacrifice
Flatte le nez du Séraphin!
Race de Caïn, ton supplice
Aura-t-il jamais une fin?
Race d'Abel, vois tes semailles
Et ton bétail venir à bien;
Race de Caïn, tes entrailles
Hurlent la faim comme un vieux chien.
Race d'Abel, chauffe ton ventre
À ton foyer patriarcal;
Race de Caïn, dans ton antre
Tremble de froid, pauvre chacal!
Race d'Abel, aime et pullule!
Ton or fait aussi des petits.
Race de Caïn, coeur qui brûle,
Prends garde à ces grands appétits.
Race d'Abel, tu croîs et broutes
Comme les punaises des bois!
Race de Caïn, sur les routes
Traîne ta famille aux abois.
II
Ah! race d'Abel, ta charogne
Engraissera le sol fumant!
Race de Caïn, ta besogne
N'est pas faite suffisamment;
Race d'Abel, voici ta honte:
Le fer est vaincu par l'épieu!
Race de Caïn, au ciel monte,
Et sur la terre jette Dieu!
— Charles Baudelaire
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
António Sena
Jorge Silva Melo
Scrawl, excavation, erasure, memory, scribble, erosion, water-clock, bones, gash, palimpsest, slate, forgetfulness, tombstone, inconclusiveness, ruin, rust, trace, calligraphy, archaeology, deterioration, profundity, effacement, super-imposition, subterranean, scrape, scar, geology, burn, patch, line, structure, geometry, gesture - all words that, as an amateur graphologist, I have put together in an attempt to organise the memory that I have of Antonio Sena's work.
But the words will not settle down, they hide themselves, are erased, they escape and let others slip away, for they do not form themselves into any phrase whatsoever. I can't start from these same words, which may perhaps be the right ones, to write a phrase to accompany Sena's work in that extremely delicate terrain in which, from the very beginning, it was to establish itself. A labour incessantly re-started, successively continued, exhaustively.
What will a great retrospective exhibition of Antonio Sena's work be like, what will it be like to see time, a moving succession of steps and high winds, a geological stratification, stretching out, synchronous, into successive rooms, to see - in just one day - these forty years that I've been seeing, what will it be like to see once again, side by side, these chambers of so many echoes, a sponge of so much effacement, a permanently inverted mirror thereof, a recommenced movement that is so precarious and so poor, on the verge of ruin, perishing before the recommenced eagle of forgetfulness? What will it be like, room after room, to accompany this unstoppable declension, so jocular and so serious, with such limited means, with such a circumscribed field? What will the spatial succession be like of this light, chaotic, precise, unarmed, untidy, cantabile ball of yarn?
I look at works from the early period, probably from that first exhibition when, by mere chance, I discovered him in the very small 111 gallery, in the heady, youthful days of 1964, and I can already see declared there this delicate and firm transition between scribble and structure, between the line and the patch of shade or light, sometimes colour, an initial moment between recommenced rectangles, the canvas taken as a stage for an unlikely scenography, where the outline of the possible walls and the dance of the soft lines are interlaced, unfinished houses where movements are not exhausted, but rather touch each other and are released, a technical drawing and a scrawl joined together in a dual act of effacement, ghosts of the recommenced gesture, painting or drawing advancing, creating itself and cancelling itself out, collecting gestures and erasures, always drawing, drawing the drawing itself. And what here is drawing and what is painting, who can say? ...............................
António Sena
Pintura/Desenho Painting/drawing
1964-2003
ASA
Museu de Serralves
Etiquetas: arte/arts
sábado, 19 de dezembro de 2009
Fernanda Pissarro
Belos trabalhos
A ver
http://provadeartista-blog.blogspot.com/2009/12/exposicao-pissarro.html
Etiquetas: arte/arts
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
John Lennon
John Lennon est assassiné
Le 8 décembre 1980, John Lennon est assassiné devant son appartement à New York par Mark Chapman. Atterrés par la nouvelle, des fans se rassemblent devant sa résidence pour lui rendre hommage. Sa mort marque la fin d'une époque. Son influence aura été sentie non seulement sur la musique, grâce aux styles nouveaux amenés par les Beatles, mais également sur la société. Lennon militait pour la paix et pour un monde sans injustices.
Etiquetas: música
Jim Morrison
Jim Morrison, la naissance d'une légende
Jim Morrison, le poète et chanteur américain du groupe The Doors naît le 8 décembre 1943 en Floride. Icône de la musique rock de la fin des années 1960, il fait l'objet d'un véritable culte depuis sa mort, survenue à 27 ans, probablement des suites d'une surdose d'héroïne.Etiquetas: música
Quantum Man
Visual Arts
Quantum Man is a modern sculpture created by Julian Voss-Andreae, which is located in the City of Moses Lake, Washington[1].
Drawing inspiration from Voss-Andreae's background in physics[2], “Quantum Man” is the image of a walking man seen as a quantum object. Made up of over a hundred vertically oriented steel sheets, the 8’ (2.50 m) tall sculpture provides a metaphor for the counter-intuitive world of quantum physics. Symbolizing the dual nature of matter, the sculpture seems to consist of solid steel when seen from the front but nearly disappears when seen from the side, as light shines through the spaces between the slabs[3].
In 2007, Voss-Andreae created a second version called "Quantum Man 2" in stainless steel[4].
[edit] References
- ^ "Sculpture voters take a 'Quantum' leap". Columbia Basin Herald. June 13, 2007. http://www.columbiabasinherald.com/articles/2007/06/13/news/news04.txt. Retrieved 2007-08-19.
- ^ Arndt, Markus; O. Nairz, J. Voss-Andreae, C. Keller, G. van der Zouw, A. Zeilinger (14 October 1999). "Wave–particle duality of C60". Nature 401: 680–682. doi:. http://www.nature.com/nature/journal/v401/n6754/abs/401680a0.html.
- ^ "Dual Nature". Science Magazine. August 18, 2006. http://www.sciencemag.org/cgi/content/summary/313/5789/913a?maxtoshow=&HITS=10&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=voss-andreae&searchid=1&FIRSTINDEX=0&resourcetype=HWCIT. Retrieved 2007-08-19.
- ^ "Sculpture show takes steps in right direction". The Seattle Times. July 27, 2007. http://seattletimes.nwsource.com/html/thearts/2003807339_visart27.html. Retrieved 2007-08-19.
[edit] External links
Etiquetas: arte/escultura
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Gerhard Richter
"Só me interessa o que não entendo"
Gerhard Richter inventa imagens. Seu principal tema é a pintura. Há décadas, ele cultiva um profundo ceticismo filosófico em relação à imagem cotidiana que as pessoas fazem da realidade. Richter foi assistente de fotógrafo profissional. Em 1962, usou pela primeira vez uma foto como ponto de partida para pintar. Desde então, coleciona sistematicamente fotos para usá-las como base da pintura.
Bildunterschrift: 'Juist', 2001; 'Rosen' (Rosas), 1994; 'Wolken' (Nuvens), 1978. Óleo sobre tela.
Não foi à toa que ele se consagrou no mundo das artes com seus motivos cotidianos desbotados, extraídos da fotografia. "Gosto de tudo aquilo que não tem estilo: dicionários, fotos, a natureza, de mim mesmo e das minhas imagens. Afinal, estilo é um ato de violência, e não sou violento", escreveu Richter em suas anotações de 1964/65.
Hoje ele trabalha com estruturas moleculares invisíveis, entre outras coisas. O imenso Strontium tem nove metros quadrados e consiste de centenas de esferas moleculares desfocadas em cinza e preto, numa seqüência gerada por computador.
Trajetória de leste a oeste
Gerhard Richter nasceu em Dresden, em 1932, cresceu em Oberlausitz e abandonou a Alemanha Oriental alguns meses antes da construção do Muro de Berlim, em 1961. Antes disso, ele trabalhara como pintor de cenários em Zittau, pintara faixas para uma cooperativa e estudara na Academia de Arte de Dresden. No Ocidente, ele começou a cursar do zero a Academia de Arte de Düsseldorf. Os trabalhos da época em que viveu na Alemanha Oriental não constam do índice de suas obras.
"Mais ou menos um em cada vinte quadros é realista", disse uma vez o pintor, numa de suas raras entrevistas. "Quando a pessoa está farta de uma coisa, tem que partir para outra." Por exemplo, misturar todas as cores primárias e expô-las em formato de telas cinzas (Vermalung, grau, 1972).
Bildunterschrift: 'Zehn grosse Farbtafeln', 1966/1971/1972, esmalte sobre tela pintada de branco
Ou decompor a escala de pigmentos de acordo com as tabelas industriais (Zehn grosse Farbtafeln, 1966/72). Ou construir espaços pictóricos com motivos abstratos violentamente coloridos (tríptico Faust, 1980, em amarelo e vermelho).
Nº 1 de 100
Hoje Richter é considerado um dos pintores contemporâneos mais influentes. Em 2004, foi eleito pela revista Capital o artista mais renomado do mundo. A revista avalia desde 1970 a projeção de artistas internacionais, de acordo com um sistema de pontos conferidos pelo êxito de exposições e publicações. Na opinião de curadores, jornalistas e diretores de museu, Gerhard Richter fez dez mil pontos em 2004.
Suas obras são altamente cotadas no mercado internacional de arte. Em 2001, a pintura a óleo Drei Kerzen (Três Velas, 1982) foi leiloada pela Sotheby's por 5,4 milhões de dólares. "São um milhão e oitocentos mil dólares por vela", gracejaram os colecionadores, sem esconder um certo constrangimento. Eles não haviam contado com isso.
A alta de Richter no mercado começou em 1998, quando a obra Seestück (Peça Marítima, 1969) foi avaliada pela Christie's em 300 ou 400 mil libras, mas acabou sendo arrematada por um milhão e 400 mil libras (dois milhões de euros). Desde então, Richter se tornou impagável.
Cara aquisição
Stadtbild Madrid (Imagem Urbana Madri, 1968) mudou de dono em 2003, nos Estados Unidos – uma história curiosa. O Museu de Arte de Bonn, que abriga a coleção Richter do empresário Hans Grothe, de Duisburg, havia emprestado este quadro para a turnê de uma retrospectiva e não o tinha recebido de volta. Por uma simples razão: o filho de Hans Grothe vendera o quadro nos Estados Unidos.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: 'Mailand: Dom' (Milão: Catedral), leiloado em 2002 por mais de um milhão de libras, na Sotheby's de Londres expected to fetch around 1,800,000 -2,500,000 pounds, (US $ 2, 540,000 - 3,530,000) at an upcoming Sotheby's London sale on Feb.7.2002 . (AP Photo/Max Nash)Em média, um Richter custa de 300 a 400 mil euros. "Não tenho nenhuma intenção, nenhum sistema, nenhuma direção. Não tenho programa, estilo, interesse." Foi assim que o pintor formulou seu credo, em 1966. Até hoje ele se mantém fiel a esses princípios.
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1491468,00.html
Etiquetas: arte/arts
Jacques Brel
Tango funèbre
Ah! je les vois déjà
Me couvrant de baisers
Et s'arrachant mes mains
Et demandant tout bas
Est-ce que la mort s'en vient
Est-ce que la mort s'en va
Est-ce qu'il est encore chaud
Est-ce qu'il est déjà froid?
Ils ouvrent mes armoires
Ils tâtent mes faïences
Ils fouillent mes tiroirs
Se régalant d'avance
De mes lettres d'amour
Enrubannées par deux
Qu'ils liront près du feu
En riant aux éclats
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah ! je les vois déjà
Compassés et frileux
Suivant comme des artistes
Mon costume de bois
Ils se poussent du coeur
Pour être le plus triste
Ils se poussent du bras
Pour être le premier
Z'ont amené des vieilles
Qui ne me connaissaient plus
Z'ont amené des enfants
Qui ne me connaissaient pas
Pensent au prix des fleurs
Et trouvent indécent
De ne pas mourir au printemps
Quand on aime le lilas
Ah! Ah! ...
Ah! je les vois déjà
Tous mes chers faux amis
Souriant sous le poids
Du devoir accompli
Ah je te vois déjà
Trop triste trop à l'aise
Protégeant sous le drap
Tes larmes lyonnaises
Tu ne sais même pas
Sortant de mon cimetière
Que tu entres en ton enfer
Quand s'accroche à ton bras
Le bras de ton quelconque
Le bras de ton dernier
Qui te fera pleurer
Bien autrement que moi
Ah! Ah!...
Ah! je me vois déjà
M'installant à jamais
Bien triste bien au froid
Dans mon champ d'osselets
Ah! je me vois déjà
Je me vois tout au bout
De ce voyage-là
D'où l'on revient de tout
Je vois déjà tout ça
Et on a le brave culot
D'oser me demander
De ne plus boire que de l'eau
De ne plus trousser les filles
De mettre de l'argent de côté
D'aimer le filet de maquereau
Et de crier vive le roi
Ah! Ah! Ah! ...
Jacques BREL
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
Antony Gormley
2009
Artist Bio:
Over the last 25 years Antony Gormley has revitalised the human image in sculpture through a radical investigation of the body as a place of memory and transformation, using his own body as subject, tool and material. Since 1990 he has expanded his concern with the human condition to explore the collective body and the relationship between self and other in large-scale installations like ANOTHER PLACE, DOMAIN FIELD, and INSIDE AUSTRALIA. His recent work increasingly engages with energy systems, fields and vectors, rather than mass and defined volume, evident in works like CLEARING, BLIND LIGHT, FIRMAMENT and ANOTHER SINGULARITY.
Antony Gormley’s work has been exhibited extensively, with solo shows throughout the UK in venues such as the Whitechapel, Tate and the Hayward galleries, the British Museum and White Cube. His work has been exhibited internationally at museums including the Museum of Modern Art in New York, the Los Angeles County Museum of Art, the Louisiana Museum in Humlebaek, the Corcoran Gallery of Art in Washington DC, the Irish Museum of Modern Art in Dublin, Malmö Konsthall, the Moderna Museet in Stockholm, and the Kölnischer Kunstverein in Germany. Blind Light, a major solo exhibition of his work, was held at the Hayward Gallery in 2007.
Antony Gormley has participated in major group shows such as the Venice Biennale and the Kassel Documenta 8. His work FIELD has toured America, Europe and Asia. ANGEL OF THE NORTH at Gateshead, QUANTUM CLOUD on the Thames in London, and ANOTHER PLACE, now permanently sited on Crosby Beach near Liverpool are amongst the most celebrated examples of contemporary British sculpture.
Antony Gormley was born in London in 1950. (bio)
Etiquetas: arte/escultura
Norman Rockwell
Norman Rockwell’s rosy illustrations of small town American life looked so photographic because his method was to copy photographs that he conceived and meticulously directed, working with various photographers and using friends and neighbors as his models.
http://www.pdnphotooftheday.com/2009/12/2778
Etiquetas: pintura/fotografia
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Fiodor Dostoievsky
Enfim, eis-me de regresso após quinze dias de ausência.
Há já três dias que os nossos chegaram a Roletemburgo.
Pensava que me esperavam com a maior impaciência, mas
enganei-me. O general exibia um ar extremamente desen-
volto; falou-me com arrogância e remeteu-me para a irmã.
É claro que conseguiram o dinheiro. Pareceu-me mesmo
que o general se sentia perturbado na minha presença.
Maria Filipovna estava toda agitada; não me disse mais que
algumas palavras, mas pegou no dinheiro, contou-o e
ouviu até ao fim a minha exposição. Esperava-se para jan-
tar Mezentzov, o francesito e um inglês; como sempre, des-
de que há dinheiro, convidam-se as pessoas para jantar: à
moscovita. Paulina Alexandrovna, quando me viu, pergun-
tou-me por que estivera eu tanto tempo ausente e foi-se
sem esperar pela resposta. Fê-Io de propósito, evidente-
mente. Mas precisamos de ter uma explicação. Sinto o co-
ração oprimido.
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Pág. 5
Capítulo II
Para falar verdade, isso não me agradava. Decidira jo-
gar, mas não esperava começar a fazê-Io por conta de ou-
trem. Sentia-me até um pouco desconcertado e foi de mau
humor que penetrei nas salas de jogo. Tudo aí me desagra-
dou ao primeiro relance. É-me impossível suportar o servi-
lismo das crónicas mundanas do mundo inteiro e, princi-
palmente, dos nossos jornais russos, nos quais os nossos
cronistas tratam de dois assuntos: primeiro, da magnifi-
ciência e do luxo das salas de jogo das estâncias termais do
Reno, e, depois, como querem fazer crer, das pilhas de
ouro que se amontoam nas mesas. E o certo é que não lhes
pagam para dizer isto: revelam simplesmente uma desinte-
ressada complacência. Estas tristes salas não têm qualquer
esplendor e não só o ouro não se amontoa nas mesas, como
é, até, difícil vê-Io. É claro que, de quando em quando, ao
longo da época, surge um novato, um inglês ou um asiático
- um turco, como aconteceu neste Verão - que em pouco
tempo ganha ou perde somas fabulosas. Mas os outros não
arriscam senão magras quantias e, de um modo geral, pou-
co dinheiro aparece no pano verde.
Pág. 17
Fiodor Dostoievsky
O Jogador
a|cj Abril Controjornal Edipresse
Biblioteca Visão
Etiquetas: literatura
António Cândido Franco
De noite no céu faz sol.
Tudo palpita animado de vida.
De noite o mundo duplo do além
é como o centro da terra.
Movem-se as galáxias brancas
como se estivéssemos em pleno dia.
O céu é o interior da terra.
Palpitam aí os abismos incriados
destes fogos.
Penso nas galactites, pedaços que estalaram
do céu.
O céu é uma via de luz.
Vêem-se correr as espessas resinas do dia.
larvas de pus. Fogos galácticos
como estradas dum sono branco.
Acordam, mas não se levantam.
Andrómeda com a sua cinza enxuta
fermenta através do escuro
uma brancura diurna. Resina
expansiva.
Andrómeda tem os braços cheios de leite.
Estátua compacta
enquanto em seu redor o céu está repleto
de prata.
A noite, lugar galactífero, pedra
de leite
que recorda na terra o sol.
As galáxias são a matéria mesma da memória.
António Cândido Franco
Poesia Digital
7 poetas dos anos 80
Organização de Amadeu Baptista
e José-Emílio Nelson
Campo das Letras
2002
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
José de Almada Negreiros
A raiz não parece dar aquele fruto.
Não parece que a flor e a semente sejam da mesma linguagem.
Retirada a linguagem
a semente é igual a flor
a flor igual a fruto
fruto igual a semente
destino igual a devir.
E era o que se pedia: igual.
José de Almada Negreiros
Poemas
Assírio & Alvim
Etiquetas: poesia/poetry/poesie
Rui Baião
No limbo da frente um anjo incorpora
às chagas de lázaro o seu semelhante.
Há que décadas, medos não
desciam dos embondeiros?
Tão vulgar como milagre on-line,
de quem dependes?
Endosso-te aos pulsos, o cobalto,
desfruto momentos levantados do chão,
alturas em que o pitbull mata
e foge saturado de fé.
A saber, uma só camélia branca clama
pelos fatídicos baloiços do parque.
Rui Baião
Paulo Nozolino
Nuez
frenesi
2003
Etiquetas: poesia/poetry/poesie